Pois é mais um inverno chegou e junto todas aquelas desculpas de que esta frio e tenho que ir pra casa, ai eu só me pergunto uma coisa, por que?!
Minha vida esta um corre corre danado, é um inferno ter que administrar os horários de estudos, trabalho e ainda ter tempo de ir ao circo.
Voltando pra casa me pego ouvindo aquela música, daquele comercial de TV que só os mais velhos sabem o valor daquela canção, mas ao mesmo tempo ainda consigo bater os dedos no volante e pensar, caralho tenho quase trinta e só agora consigo enteder essa canção.
Pois é, aquelas guitarras que antes me irritavam, hoje me fazem ver o quanto eu era um tolo! É tão bom ouvi-las saindo da caixinha de som do meu Ford que chegam a consolar a minha alma de uma forma que me faz pensar que tudo esta tranquilo, que esta tudo bem e que no final, tudo vai dar certo, engano meu?
Volto a lembrar do circo, aquela mágica que fiquei intrigado para querer saber, onde que a mocinha do sorriso foi depois que a cortaram no meio, o anão pulou o arco de fogo com um monociclo e o equilibrista virou duas piruetas com um pé só, e ai pensou faltou alguma coisa? Ah o sorriso...
A música no player do meu Ford troca, agora toca aquela que nunca tinha ouvido e depois que ela acaba eu percebo que estou apertando o botãozinho para voltar ela no começo por que tem um refrão que só falta pular pra fora do auto-falante e dar um soco na minha cara, e ai um pensamento meio vago passa pela minha cabeça, "uau, eles ja falavam disso naquela época?" Quando menos espero já estou cantarolando a música e pensando na cerveja da noite, pensando na aula de planejamento e tentando não entrar em neuras, por que nesse momento já estou batendo com mais empolgação no volante e tentando acompanhar a música.
Estaciono meu carro na vaga 24 em frente ao pipoqueiro e só penso em como vai ser o espetáculo, pois mesmo que eu ja conheça o calhor dessa fornálha, sabendo que ali é se correr o bixo pega e se pegar o bixo come, eu insisto em sentar na primeira fila pra assistir toda apresentação e ver a mocinha da mágica de perto.
Lembro que ao entrar no circo, me deparo com alguns rostos familiares, e a confusão dentre o barulho das músicas que antecedem o espetáculo e a fila para comprar algodão doce é uma coisa infernal, mas olho mais ao fundo na esperança de reencontrar ela e aplaudir sua apresentação feito um retardado e quando menos espero, consigo vê-la! Ela esta lá, com o sorrisinho que eu já sabia desde o inicio onde aquilo iria terminar, mas mesmo assim quis levar em frente, até o fim.
A coisa toda começa, fogos de artifício explodem e vejo raios de luzes cortando a noite lá no céu, é o início!
Dentre toda a apresentação, trapezistas e equilibsristas aparecem, o domador com seu chicote e assistentes de palco com os braços cruzados para trás aguardando o fim de cada apresentação. O mágico, ah esse sim! Ele entra com a cartola e com todo seu charme de galanteador e apresenta a pobre mocinha que sempre é cortada ao meio.
Ela esta linda e entra no picadeiro bailando com seus pensamentos devaneios e como se estivesse flutuando! Ela se aproxima do público, faz suas reverencias, caminha até mim, e sem sinal de culpa alguma, me estedeu a mão com algo dentro.
Respeitável público, era um nariz vermelho... começava o espetáculo!